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Um duelo sem fim

carlos-lindenberg-colunistaAo comparecer à sessão inaugural do Congresso Nacional, na última terça-feira, a presidente Dilma Rousseff não apenas manifestou seu apreço à Câmara e ao Senado juntos, como demonstrou também que parece mais disposta ao diálogo. Advertida pelos ministros de que poderia ser advertida pela oposição, a presidente não apenas expôs, para vaias de uns e aplausos de outros, o que pretende fazer em 2016, como pediu a colaboração do Congresso para que a economia do país possa ser reaquecida. A presidente não deixou de falar também sobre esse surto de ataques do aedes aegypti, anunciando convenio com o governo norte-americano para produção de vacinas.

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Mas o tom do discurso da presidente foi a necessidade de o país sair da possibilidade de uma recessão, controlar a inflação e combater o desemprego. E nesse ponto, ela pediu a colaboração de deputados e senadores para aprovem as medidas que estão no Congresso ou em vias de serem remetidas ao legislativo. De forma que a ida da presidente ao encontro de deputados e senadores, sem receio das vaias anunciadas, foi um ponto positivo nesse início de legislatura e num ano que promete ser turbulento, ora por causa da operação lava jato, ora pelas eleições municipais.

O que chama a atenção também é o comportamento da oposição. É óbvio que a crítica é a arma preferencial da oposição. Mas uma oposição que se vale apenas da crítica revela-se raquítica e sem qualquer criatividade. Se a situação erra, e tem errado, é dever da oposição criticá-la. Mas também é seu dever propor solução para os problemas. O país não pode permanecer nesse interminável ‘Cruzeiro x Atlético’ sem fim. O embate político é pobre quando submetido a esse tipo de disputa e o país precisa de muito mais do que isso para sair da crise. Ao permanecer com esse discurso maniqueísta e monocórdio, a oposição não contribui para melhorar a vida dos brasileiros, da mesma forma que o governo não irá contribuir se não estiver disposto a ouvir mesmo aqueles que, sendo adversários, tem alguma coisa a oferecer. O problema é que de fato a oposição não tem dado nenhuma contribuição para consertar possíveis erros do governo. Talvez por isso essa obcecada disputa do poder pelo poder. Por fim, a ida da presidente ao Congresso parece revelar também uma nova estratégia política de Dilma Rousseff: ontem ela apareceu novamente em rede de radio e TV para falar sobre a dengue e da microcefalia. E de novo surpreendeu, pegando os paneleiros de surpresa.

Carlos Lindenberg é jornalista, colunista do Metro Jornal e comentarista da TV Band Minas. Escreve no Metro Belo Horizonte.

 

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