O vice Michel Temer saiu do encontro com a presidente Dilma Rousseff muito impressionado com o que encontrou: uma mulher abatida, amargurada, esgotada, mas curiosamente sem mágoa, nem raiva, e também sem a menor vontade ou talento para fazer política. Calada. Pareceu a Michel Temer, segundo interlocutores próximos, que Dilma não se importou em mostrar-se derrotada, ainda que não o admita.
Sem ânimo
Amigos de Temer temiam que ele fosse recebido com o conhecido jeito búlgaro de ser Dilma, mas ela já não tinha ânimo nem para grosserias.
Sem expectativas
A falta da virulência de Dilma, no encontro com Temer, pode ser um sinal de que ela não alimentava expectativas de reconciliação.
Reflexo
Um ex-ministro ligado a Temer ironizou: “Talvez ela estivesse abatida pelo reflexo das mechas brancas do Delcidio…”
Relações férteis
À saída da reunião, com a delicadeza com que trata até os adversários, Michel Temer prometeu “relações férteis” com a presidente.
Historiadora: ossadas não identificadas são farsa
A historiadora Myriam Luiz Alves, que desde 1996 participa de expedições à procura de restos mortais de guerrilheiros no Araguaia, diz que integrantes da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), da Presidência da República, sabem o paradeiro de ossadas que sumiram do Hospital Universitário de Brasília (HUB). “Isso é uma grande farsa”, diz ela, ex-militantes do PCdoB, partido que protagonizou a guerrilha do Araguaia.
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Myriam acha que a Comissão e a SDH não identificam ossadas porque “luta contra ditadura” é assunto útil para a imagem do governo petista.
Vil metal
A suspeita é de roubo das ossadas de dois guerrilheiros, há dois anos, para forçar o aumento do valor da indenização a ser cobrada da União.
Bolada lotérica
A Justiça fixou em 2003 multa diária para forçar o governo a achar as ossadas. Acumulada e corrigida, a multa soma hoje R$ 200 milhões.
Olho no olho
Os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Governo) e José Eduardo Cardozo (Justiça) participaram de parte da reunião entre Dilma e Michel Temer. Na hora da lavação de roupa, tiveram que sair.
A bicicleta de Temer
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pediu informações ao Tribunal de Contas da União sobre “pedaladas” de Michel Temer. Beiram os R$ 11 bilhões os decretos que fizeram o vice assinar em ausências de Dilma.
Ressarcimento
O presidente da CPI dos Fundos de Pensão, deputado Efraim Filho (DEM-PB), diz que a comissão vai tentar recuperar R$ 1 bilhão do Bank of New York Mellon, para ressarcir investimentos do Postalis. O BNY já pagou US$ 714 milhões para suspender processos idênticos, nos EUA.
Disputa no ninho
Após o impeachment, tucanos mudaram os rumos da eleição para líder da bancada, em 2016. Concorrem Jutahy Júnior (BA) e Antônio Imbassahy (BA). Aécio Neves luta contra Jutahy, aliado de José Serra.
Vinho abre o bico
O incidente entre Kátia Abreu (Agricultura) e José Serra (PSB-SP) foi uma piada sem graça contada por quem não tem senso de humor, temperada com taças de “in vino veritas” que ambos bebericavam.
Tolerância quase zero
Em geral gentil, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), adepto declarado do impeachment, foge do tema deixando jornalistas falando sozinhos. A menos que sejam do sexo feminino. Aí ele se derrete em cordialidade.
Fé em Deus
A CNBB desautorizou nota da sua Comissão de Justiça e Paz que condenava o impeachment. Isso porque o Palácio do Planalto aproveitou e reproduziu a nota na rede, apesar do ateísmo da chefa.
Lula, o inimputável
A Justiça quebrou sigilos do ex-ministro Gilberto Carvalho, braço direito de Lula, e do filho dele, Luís Cláudio, no caso da venda de medidas provisórias no governo petista. E Lula nem sequer é investigado?!
Pensando bem…
…se impeachment virou “golpe”, então o Brasil é um país de mais de 70% de “golpistas”: é o percentual dos que querem a destituição de Dilma segundo as pesquisas.
Com Gabriel Garcia, Rodrigo Vilela e Tiago Vasconcelos