O Grêmio não pode se iludir por que fez um Campeonato Brasileiro acima da expectativa ou por que Roger deu uma arrumada na equipe. Há um ambiente de confete no tricolor especialmente por que o rival não atingiu seu principal objetivo na temporada. É claro, o 5 a 0 amplia esta sensação e é justificável que tenha peso na avaliação. O fato é que a temporada do Grêmio é razoável, talvez boa se tivermos razoável dose de benemerência. E não mais do que isso!
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A gestão de Romildo Bolzan Júnior só conseguiu se ajeitar depois da mudança no comando do departamento de futebol e a consequente saída de Felipão. Mas aí já tinha deixado escapar uma das prioridades do ano: o campeonatinho local. Pois nem isso o Grêmio tem celebrado nos últimos cinco anos e, nós sabemos, vencer o Gauchão estava na plataforma desta nova gestão. Depois de ser salvo por um chilique do fanfarrão Eurico Miranda, que não liberou Doriva, e também não ter conseguido acertar com Cristóvão, o destino levou o Grêmio até Roger. E deu certo!
O time passou a ser competitivo. Houve um evidente resgate de autoestima dos jogadores. O ambiente mudou. O treinador fez crescer individualidades, apostou nos jovens na medida certa e consolidou a equipe no G-4. Atropelou o rival num constrangedor 5 a 0, sendo este o principal trunfo da gestão Bolzan, dentro de campo. Mas não conseguiu chegar à disputa do título da Copa do Brasil e bastou um mediano Fluminense para desbancar o desejo tricolor de acabar com um jejum de quase 15 anos sem título significativo.
Nesta reta final de Campeonato Brasileiro o Grêmio evidencia a necessidade de reforços. Há também sinais de desgaste físico e, principalmente, há carências que precisam ser corrigidas para a Libertadores. O presidente Bolzan não deve se contaminar por elogios e badalações. Com o grupo atual o Grêmio não ganha a principal competição da América. Precisa de pelo menos três titulares, além de peças de reposição.
Quando o time cresce e se torna competitivo, jogadores apenas medianos aparecem como soluções definitivas. E não são. Vejam o caso de Galhardo, mediano, e que parece estar virando Arce pela dificuldade de contratação.
A gestão Bolzan orgulha-se de implementar uma nova política financeira no clube, mais criteriosa, com os pés no chão. Mas que política de economia é esta que desperdiça investindo em Cristian Rodríguez, Braian Rodriguez, Fernandinho, Lucas Ramon, Vitinho e Galhardo? Que contenção é esta que tem dois goleiros de nível semelhante na reserva? E que perde tempo com um ranzinza Felipão, cheio de caprichos e se achando maior que o clube! Se fosse enumerar todos os erros de contratação de Rui Costa nestes três anos precisaria de mais uma página!
O Grêmio precisa de um lateral direito, um ou dois atacantes e ainda um articulador. E um zagueiro, se Erazo confirmar a saída. Ou busca reforços, com competência e eficácia. Ou será mais uma temporada de confetes e serpentinas por estar melhor que o rival e talvez por brilhar no torneiozinho local. E só!
Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes, diretor de jornalismo, e, desde 2005, é o diretor-geral da Band-RS. Diariamente comanda “Os Donos da Bola”, na Band TV.