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Dividir, fragilizar e dominar

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Vivemos o auge do politicamente correto. Cada vez mais pessoas de todas as etnias, credos e gerações medem as palavras, as frases e o tom para falar qualquer coisa. Uma sílaba fora de lugar, um olhar mal interpretado, e basta para qualquer um que tente argumentar contra qualquer coisa seja taxado de reacionário, conservador, racista, homofóbico, contra as mulheres, os pobres, contra a distribuição de renda, a liberdade religiosa, a cultura, etc. O cardápio é gigantesco e cumpre uma agenda que visa pulverizar a sociedade e tirar sua força.

Experimente dizer que você não concorda que bilhões do seu dinheiro sejam aplicados em universidades federais, enquanto o ensino fundamental morre de inanição. Por mais lógica que seja esta opinião, minorias barulhentas colarão na sua testa que você é contra a educação pública e gratuita. Tente justificar que você não concorda com cotas raciais porque elas são um remendo que não resolve o essencial (o péssimo ensino básico) e injustas com pessoas pobres, porém de pele clara. Será taxado de ser contra a ascensão dos negros. E assim sucessivamente. O show de rótulos impede o debate racional, estigmatiza o interlocutor e mascara os problemas.cremers-casagrande

O conceito de divisão como forma de conquista não é novo. Júlio César, imperador romano, e Napoleão Bonaparte, imperador francês, são os mais famosos a utilizá-lo para conquistar territórios e subjugar seus habitantes. A essência está em obter o controle fragmentando o poder existente, enfraquecendo-o, impedindo assim que possa subsistir. A grande novidade é que este princípio vem sendo utilizado de forma inovadora a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Neste caso, a divisão que leva à coerção social não se dá pelas armas, e sim pela dominação cultural, ideológica.

Yuri Bezmenov, antigo informante da KGB, explicou que o plano soviético para enfraquecer o ocidente era unificar os variados movimentos contrários à própria sociedade (desde criminosos comuns até inimigos declarados do Estado) e fazê-los confrontar princípios e valores morais básicos estabelecidos. Até levar esta sociedade à exaustão. Tipo: se você fura a fila também é responsável pelo roubo de bilhões da Petrobras. E afinal de contas, nada é assim tão grave.

Hoje no Brasil somos uma sociedade exausta, fragmentada, que não consegue sequer retirar do poder um governo corrupto e desleal. Só os incautos acham que é coincidência.

Diego Casagrande é jornalista profissional diplomado desde 1993. Apresenta os programas BandNews Porto Alegre Edição, às 9h, e Rádio Livre, na Rádio Bandeirantes FM 94,9 e AM 640

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