A reforma ministerial que a presidente Dilma Rousseff pretende fazer para reduzir despesas e buscar harmonizar as relações com o Congresso poderá fazer com que pelo menos um deputado mineiro seja ministro. Dilma pediu ao PMDB que indicasse nomes para o novo ministério, que será reduzido de 39 para 29. O partido resolveu atender a presidente da seguinte forma: o Senado fará dois ministros, a Câmara dos Deputados dois, e um quinto sairá do consenso das bancadas das duas casas. Ontem, a Câmara ofereceu os seus nomes a Dilma: José Priante (PB), Celso Pansera (RJ), Mauro Lopes (MG), Newton Cardoso Júnior (MG) e o também mineiro Saraiva Felipe. Em uma proporção tão pequena, é pouco provável que nenhum dos três possa ser aceito pela presidente. A indicação dos deputados criou uma espécie de bolsa de apostas em Minas.
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Newton Cardoso Júnior é deputado de primeiro mandato e filho do ex-governador de Minas, Newton Cardoso, muito próximo do vice-presidente Michel Temer. Aliás, os nomes sugeridos são todos ligados ora a Temer, ora ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Mauro Lopes é deputado de vários mandatos. Foi diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal no governo do presidente Itamar Franco e depois secretário de Segurança Pública em Minas, também no governo Itamar. Saraiva Paiva é também detentor de vários mandatos. Foi secretário da saúde em Minas, no governo Hélio Garcia, e ministro da saúde no governo Lula. De forma que sai com boa vantagem nessa bolsa de apostas.
No entanto, a questão principal para a presidente, não é saber a origem dos deputados. O fundamental é que sejam do PMDB e que a indicação deles possa agradar o partido de tal forma que o PMDB se una ao PT e às outras legendas da base governista para dar o suporte necessário para as votações decisivas, que irão para o plenário nas próximas semanas. Entre elas, muito possivelmente está o pedido de impeachment da presidente Dilma. Se ela conseguir rearrumar a sua base na Câmara e no Senado, a crise política tenderá a ceder com reflexos supostamente positivos na economia. Claro, porque o que mais assusta no momento é o ‘fantasma’ do impeachment.
Carlos Lindenberg é jornalista, colunista do Metro Jornal e comentarista da TV Band Minas. Escreve no Metro Belo Horizonte.