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Técnicos: hora de investir em ideias novas

leonardo-meneghetti-colunistaChega de treinadores medalhões no futebol brasileiro.  Com uma ou outra exceção, muitos estão ultrapassados. Isto não elimina contribuições importantes e trabalhos elogiáveis. Nem os proíbe de ganhar títulos ainda. Mas é hora de renovação. Nem falo de idade e sim de ideias. Os clubes brasileiros devem investir em profissionais ambiciosos, ainda não consagrados e milionários, que tenham ideias novas, formas atualizadas de administrar o vestiário e que, principalmente, precisem de títulos para alcançar a afirmação.

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Luxemburgo, Osvaldo de Oliveira, Felipão, Abel, Muricy, Mano Menezes, Dorival e Autuori são alguns exemplos desta safra que faço referência. Quase todos são consagrados, ganharam títulos máximos e merecem elogios por trabalhos realizados. Mas agora devem ganhar grana, e muita grana, nos mercados da Ásia ou Oriente Médio. E só lá mesmo, pois nos grandes clubes europeus ou em seleções da América do Sul não há espaço para eles. São preteridos pelos argentinos.

O momento do futebol brasileiro exige renovação. Chega de pagar fortunas a treinadores já milionários, de pouca ambição, e muitos com ideias ultrapassadas. Não mostram capacidade de se reinventar. De aprender. De estudar. Tite e Marcelo Oliveira, com bom tempo de estrada, penso que são exceção. Talvez Cuca. Talvez. Estes ainda mostram gana pela vitória. E Dunga, com a dificuldade de engrenar uma carreira em sequência.

Observe, prezado leitor, que a dupla Gre-Nal acertou sem firmeza na escolha de seus respectivos comandantes.  Argel tem um promissor começo no Inter. Mas nem a direção tinha certeza no seu nome e, por isso, tentou Muricy e Sampaoli e especulou Mano Menezes. E o ficha 3 ou 4 está dando uma resposta positiva. É lógico que ele está apenas iniciando sua trajetória num clube desta grandeza. O caminho é longo e cheio de surpresas, ainda mais com uma direção que não mostra tanta convicção. Mas o início é bastante positivo.

Roger também foi ficha 3, após negativas de Doriva e Cristóvão. Ele estava aqui, ao lado, à espera para ser chamado. Sem opções, o Grêmio teve de olhar para este emergente. E o início também é bastante promissor, com direito a resultado histórico em clássico. Celebrado como discípulo de Tite, Roger é badalado como novidade no cenário nacional. E efetivamente é. Mas isto não significa que seja um treinador absolutamente pronto. Sua trajetória começa a ser escrita agora.

Faz tempo que sustento que nossos treinadores são limitados e supervalorizados. Como os dirigentes são amadores, os técnicos ganham poderes excessivos e recebem salários astronômicos. Fora do país só são reconhecidos na periferia do futebol. Vamos deixá-los enriquecer mais ainda no Al Gaharafa, Al Nasr, Mumbai City, Kerala Blasters, Shandong Luneng, Shenzen Phoenix, Guangzhou Evergrande. Sejam felizes lá, ganhem fortunas. E abram espaço para Roger, Argel, Guto, Lisca, Baptista, Clemer, Doriva, Jorginho, Petkovic, e outros tantos. Quem conseguir se afastar de conceitos ultrapassados vai em frente. Quem estiver agarrado apenas em metodologias antigas e desatualizado em breve receberá um convite do indiano Atlético de Kolkata ou do chinês Shaanxi Chanba. E boa viagem!

Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes, diretor de jornalismo, e, desde 2005, é o diretor-geral da Band-RS. Diariamente comanda “Os Donos da Bola”, na Band TV.

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