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Janot vence disputa

carlos-lindenberg-colunistaO resultado da eleição interna ontem entre os membros do Ministério Público Federal dá à presidente Dilma Rousseff motivos para comemorar ou para lamentar. Depende do que virá pela frente. O atual procurador, Rodrigo Janot, venceu a eleição interna com 799 dos 980 votos apurados. O segundo e terceiro colocados – Mário Luiz com 462 votos e Raquel Dodge, com 402 – formam com Janot a lista tríplice que vai para escolha da presidente da República, como manda lei. Dilma poderá escolher qualquer um dos três, embora desde o governo Lula o mais votado tenha sido o premiado. Há, no entanto, uma mulher entre os três mais votados e Dilma às vezes gosta de prestigiar alguém do gênero feminino. Mas como a vitória de Janot foi bem expressiva a tendência é de a presidente optar por ele, até por uma questão republicando, como fez Lula na sua época.

O problema é que Janot enviou ao Supremo Tribunal Federal pedidos de abertura de inquérito contra 54 políticos. Desses, 13 são senadores, que votarão pela aprovação ou não do nome indicado pela presidente. E ai está o primeiro nó. O Senado pode acatar ou rejeitar o nome escolhido pela presidente. Se isso acontecer, o segundo pode vir a ser o chefe do Ministério Público. Contra Janot pesa ainda a fúria do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, que o tem como inimigo por entender que o Procurador o incriminou na Operação Lava Jato injustamente. Mesmo ódio por ele tem o senador Fernando Collor, por razão idêntica.

Há quem veja na oposição que Eduardo Cunha vem fazendo contra a presidente  uma espécie de pressão para que Dilma não o reconduza ao cargo, com receio até mesmo de que Janot venha a pedir o seu afastamento da presidência da Câmara enquanto durar a investigação que corre contra ele no Supremo. Se isso for verdade, a recondução de Janot poderá fazer com que Eduardo Cunha crie mais problemas para a presidente, o que não parece difícil, sobretudo depois da reunião que o vice-presidente Michel Temer teve ontem com os líderes dos partidos que formam a base de apoio do governo no Congresso. Temer teria percebido que a base já não existe – desmanchou ou foi cooptada por Eduardo Cunha.

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