A diferença de dois pontos para o vice-líder não é excessivamente confortável. Porém, se analisarmos do ponto de vista da performance – termo que Tite adora –, se falarmos em qualidade do futebol apresentado, em consistência, regularidade, convencimento, o Galo teve superioridade sobre o Corinthians – segundo colocado – maior do que a pontuação sugere. Por que então os paulistas surgem tão colados? Para mim isto passa, bastante, pelo fato de o alvinegro de Minas ter desperdiçado pontos além da conta em oportunidades nas quais foi claramente melhor do que o oponente.
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O empate diante do Palmeiras no início do certame poderia muito bem ter sido vitória – não só pelo rendimento em campo; lembremos, o Galo atuou com os reservas, e o gol de empate alviverde saiu na bacia das almas, numa desatenção pontual. A derrota para o xará paranaense, no que tange ao volume demonstrado pelas duas equipes, ao controle do jogo, mostrou-se totalmente cruel, injusta. O mesmo pode ser dito a respeito do embate direto contra o Corinthians. Nestas duas situações faltou certo capricho no arremate; mas uma pontinha generosa de azar também entrou em campo em ambas. O time capitaneado por Tite, por outro lado, não apenas no triunfo enganoso sobre o Galo, arrancou pontos em várias ocasiões “daquele jeito”. Principalmente no início da Séria A, o Corinthians acumulou certa gordura com atuações fraquíssimas, achando tentos salvadores sabe-se lá como, contando claramente com a sorte.
Quando Levir sacou o argentino e deu chance ao colombiano realizou algo que, ao menos taticamente, faz sentido. Com a dupla de volantes consolidada, e Giovanni Augusto brilhando como meia, Dátolo voltou, contra o Figueirense, como o homem que fazia o lado esquerdo da linha de três armadores. O argentino adorado pelo chefe já jogou, ao longo da carreira, como um meia pela esquerda. Mas hoje, na maneira como o 4-2-3-1 costuma ser aplicado, penso que, salvo exceções, os atletas de beirada têm de ser velozes, um tanto verticais, donos de vigor físico para fechar o corredor. Dátolo – homem mais cerebral, lento, de passe – parece combinar mais com as funções de arquiteto pelo centro ou de uma espécie de segundo volante num sistema ligeiramente distinto ao atual (na maneira em que era aplicada essa variação no Galo, a formação passava a ser um 4-1-4-1 com o argentino funcionando como um híbrido de meia centralizado ao lado de outro arquiteto e segundo volante). E nestas posições mais afeitas às suas características, convenhamos, Dátolo há de ser reserva de Giovanni Augusto (atrás também de Guilherme) e mera opção para mudar o time para a estrutura com só um marcador típico no meio – mas não titular –, tendo em vista que a estratégia com dois volantes de oficio vem dando certo e deve ser mantida. Cárdenas tem como função a ocupação do lado direito; mostra mais rapidez e dinamismo para atuar pelos flancos; é a dele.