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Pilotos são esportistas ou loucos, afinal?

colunista helio-castronevesComo os amigos do Metro puderam ver, estive o tempo todo entre os primeiros na corrida de Fontana, no último sábado e válida pela 11ª etapa do 2015 Verizon IndyCar Series. Liderei 43 voltas e minhas chances de vitória eram realmente grandes, mas um acidente na volta 136, quando o Ryan Briscoe bateu na minha traseira e bati no muro, acabou com minhas chances. Acabei caindo de 4º para 5º no campeonato. Estou resumindo rapidamente a minha participação na corrida porque quero falar dela num sentido mais amplo. E, para começar, deixo aqui uma pergunta: afinal, somos esportistas ou loucos?

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Tenho certeza que o fã vibrou na MAVTV 500. A liderança mudou 80 vezes de mãos e nada menos do que 14 pilotos assumiram a ponta em algum momento. Sejamos sinceros, foi uma corrida sensacional. Mas é também preciso entender que foi uma corrida com níveis altíssimos de riscos. Vale lembrar que as características aerodinâmicas permitiram que andássemos tão juntos o tempo todo. O fato de termos mais downforce e os demais desenvolvimentos aerodinâmicos geraram uma turbulência bastante aceitável. Foi isso que proporcionou o agrupamento.

Quando você não consegue se agrupar porque a turbulência é muito grande e o carro não é estável o bastante, não adianta o piloto dar uma de Super Homem. Ele não vai conseguir fugir de um padrão de ultrapassagem que é se sustentar o máximo possível no vácuo e ultrapassar com máxima segurança. Qualquer rompante de ousadia – ou mesmo de irresponsabilidade – é punido na hora com o muro.

Para o espetáculo, não é legal que as características aerodinâmicas limitem a ousadia e a criatividade dos pilotos. Quando há esse grau de “liberdade”, vamos chamar assim, o show é garantido. E foi exatamente o que aconteceu em Fontana. Mas tem o outro lado dessa moeda. A verdade é que nem todos os pilotos estão preparados para lidar com toda essa liberdade.

Proporcionamos um espetáculo maravilhoso, não tenho dúvidas, mas pudemos constatar que ousadia e irresponsabilidade estiveram quase de mãos dadas. A grande realidade é que alguns pilotos não têm noção de espaço e isso é um perigo para eles próprios e para os adversários. Então, ou os pilotos assumem as suas responsabilidades, tendo clara a noção que o meu direito de ser ousado termina quando ou coloco a sua vida em risco, ou então vamos ter de colocar pacotes aerodinâmicos limitadores ao talento, mas pelo menos a salvo de irresponsabilidades.

É isso aí, amigos. Abraço e até semana que vem!​

Helio Castroneves, 40, nasceu em São Paulo e foi criado em Ribeirão Preto. É o piloto brasileiro com mais vitórias na Indy, com 29 conquistas, e venceu três edições da Indy 500 (2001, 2002 e 2009). Disputa em 2015 sua 17ª temporada na categoria e 15ª pelo Team Penske.

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