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Sem turbulências

fernando-carreiro-colunistaSexta à noite. O voo que saía do aeroporto Santos Dumont, no Rio, para Vitória teve problemas e não decolou. Os passageiros, entre eles o governador Paulo Hartung – que voltava de um encontro com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso –, seguiram em um ônibus para o aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim, o Galeão. Na fila, entre uma brincadeira e outra, um dos passageiros gritou para outro na fila que o ilustre ocupante do voo estava sendo pé-frio e que talvez fosse melhor não embarcarem. Do outro lado, o interlocutor respondeu que vaso ruim não quebra e que o voo estaria seguro. Evidentemente, eram brincadeiras entre passageiros entediados por causa de voos atrasados; ironia fina que, por sua vez, entrega o descontentamento do brasileiro com os políticos, na mesma medida em que nossos representantes continuam a viajar a léguas de distância da sensibilidade popular. Decerto não é esse caso específico do governador e muito menos isolado na categoria política. A viagem seguiu sem turbulências, como promete ser esse terceiro mandato de Hartung.

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Alguns episódios recentes pareciam provocar uma ameaça à unanimidade que o governador – hoje com perfil mais sóbrio e não menos ponderado do que antes – viveu em seus dois outros mandatos. Foram turbulências leves, dissipadas à medida em que o piloto retomava o controle do manche. A votação do projeto Escola Viva colocou à prova – como se precisasse – o prestígio de Hartung entre os deputados. Um ou dois parlamentares tentaram prorrogar o debate; estudantes e professores fizeram passeatas e manifestações em frente à Assembleia. O resultado dos esforços foi a aprovação do programa à toque de caixa, num pool de comissões, e as inscrições já abertas para participar desse novo modelo de ensino que começa a vigorar no fim do mês que vem.

Outra crise, desta vez a econômica, bate à porta, e o governo a contorna com cortes: desde os menores, como o cafezinho nas repartições públicas, até os mais bruscos, no orçamento; investimentos quase zero, custeio apertado e pires vazios pelos municípios. A hora é de reduzir a velocidade do Boeing Espírito Santo, para não perder o ritmo nem o rumo, como gosta de ressaltar o governador em seus discursos oficiais e à municipalidade.

A propósito, aos prefeitos, tensos e carentes, o governador tem pedido calma, paciência e parcimônia com o dinheiro público. Sobre rusgas políticas e apoios trocados na eleição que passou, é lacônico: a questão está superada, costuma dizer ele, que tem grande facilidade para dizer não, contornar problemas e aparar arestas políticas.

Fernando Carreiro é jornalista especializado em comunicação eleitoral e marketing político.

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