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O futuro ficou para trás

 

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diego-casagrande-colunista“O futuro não é mais como era antigamente…” diz a letra de “Índios”, a célebre canção do saudoso Legião Urbana. O futuro do Rio Grande do Sul também não. Nossas projeções não são nada confortantes e não existe nenhum indicador que nos permita olhar para frente e pensar: “Nosso Estado será melhor do que já foi”. Ou ainda “será melhor do que é!”. Não. Nada. Não dá para tapar o sol com a peneira. Um Estado quebrado não tem o que oferecer.

Há mais de 20 anos, entra governo e sai governo, a situação das contas públicas só se agrava. E por que precisamos falar sobre isso? Porque com um orçamento historicamente estourado e governos que não invertem o ciclo crescente de déficits sucessivos, a galinha dos ovos de ouro vai morrendo. Hoje está manca, com falta de ar, com bico quebrado e quase sem penas. Já não bota ovos, embora coma cada vez mais milho. Em suma, a galinha é o Estado, que por falta de dinheiro, não consegue mais devolver os serviços públicos que os cidadãos têm direito, sobretudo educação, saúde e segurança. E estes direitos temos não é porque o governo A, B ou C é bonzinho, mas porque pagamos caro por eles.

Dentre tantos, há alguns fatores que devem ser levados em conta: a gradativa desindustrialização, com perda de força e competitividade, por exemplo. Isso significa menos arrecadação e empregos. Segundo informa o economista Igor Morais, de 2003 até agora, o PIB gaúcho cresceu em média 2,70%, enquanto o da indústria apenas 1,05%. Como se não bastasse, a carga tributária local subiu acima do PIB, chegando a 3,15%. Já o gasto do governo com servidores públicos também não para de crescer: 7,6% deste ano para o próximo, justamente em um momento de estagnação econômica aqui e no país inteiro. E o Instituto de Previdência do Estado? As despesas com funcionários inativos chegaram a R$ 9,7 bilhões, sendo que R$ 6,5 bilhões é déficit e tem que ser colocado pelo Tesouro. Alguém acha sustentável tamanho desequilíbrio? Nem David Copperfield conseguiria fazer a mágica de tornar essa conta razoável.

Por estas e outras que minha expectativa em relação ao governo Sartori não é das melhores. Sou realista. O gringo gente boa não parece ser do tipo que topará enfrentar corporações e fazer a dolorida e necessária cirurgia. E talvez nós gaúchos não queiramos mesmo. Com pena de quebrar os ovos, nunca fazemos o omelete. Mesmo morrendo de fome, preferimos pagar o preço.

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