Se questionada sobre o significado teórico do nome Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), a maior parte dos eleitores de Aécio Neves não saberá, apesar de se intitular a ala culta e avançada do Brasil. Afirmo isso dado o discurso desses apoiadores sobre as características liberais das políticas a serem implantadas para que um governo possa ser considerado inteligente e capaz, contrastando com o verdadeiro sentido da social- democracia europeia, base teórica que norteou a constituição do PSDB na década de 1980.
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Por não se encaixar no discurso “socialista” do PT e demais partidos de esquerda e no liberalismo econômico defendido pelo Partido da Frente Liberal (PFL, hoje rebatizado de Democratas), um grupo de políticos e pessoas de segmentos distintos da sociedade funda o partido que defenderia, em terras brasileiras, as políticas econômicas e sociais implantadas na Europa pela social-democracia, à exceção da Inglaterra, que sob o domínio de Margareth Thatcher assume o ideal liberal.
Fortemente intervencionista e de cunho social, a social-democracia acredita na importância do estado na economia e na construção de uma estrutura que proteja as camadas pobres da sociedade, excluídas das benesses do capitalismo. Entretanto, a realidade mostra que essas políticas foram assumidas pelo governo do PT, enquanto que o PSDB seguiu o receituário liberal na era FHC, retirando o estado da economia, inclusive com um programa de “privatização” que aceitou até títulos “podres” da dívida agrária como pagamento, renegando a social-democracia. Após a quarta derrota, não seria a hora de o PSDB repensar o seu caminho, abandonando a ideologia liberal defendida por instituições retrógradas como o FMI, Agências de Classificação de Risco, o capital financeiro especulativo e o Partido da Frente Liberal (Democratas), e assumir a verdadeira bandeira da busca de um capitalismo mais justo defendido pela teoria Social Democrata?
Deixo esse questionamento aos que têm competência e sobriedade para discutir o papel do PSDB na vida política brasileira, não para os desqualificados que pediram o retorno dos militares em manifestações públicas nos últimos dias.
Douglas Chamon é mestre em Economia, consultor de empresas e parceiro técnico do Instituto Euvaldo Lodi – Findes e Tecvitória