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Os piores 360 segundos do futebol brasileiro!

leonardo-meneghettiA página escrita ontem no Mineirão entrará para a história negra do futebol brasileiro. Assim como o Maracanazo, em 1950. Desta vez nem foi dramático. A Seleção nos sonegou o sofrimento. Não deu para torcer. A Alemanha empilhou cinco gols em 18 minutos, quatro deles em apenas 360 segundos. Mostrou organização, supremacia física, inteligência tática, superioridade técnica. Nos impôs 7 a 1, o maior fiasco da história do futebol brasileiro.

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Este mais emblemático vexame do esporte nacional ganha proporções mundiais porque acontece justamente numa Copa do Mundo em que somos anfitriões. Em se tratando de semifinal de Copa, foi uma anomalia, um resultado raro que talvez nunca mais aconteça neste século. Um apagão impressionante. E que exagera a diferença entre as duas seleções. A Alemanha é mais time que o Brasil, mais organizada inclusive, e marcou quatro gols em seis minutos. Para o Brasil, o melhor momento do jogo foi o apito final.

Como gerações passadas que jamais esqueceram a derrota de 1950 para o Uruguai, a atual geração que acompanha futebol terá de conviver com esta humilhação. Por muitos anos. Três, quatro, cinco, seis décadas e este jogo estará conosco, presente. Em pesadelos. Em debates. Atormentando-nos.

Esta semifinal de Belo Horizonte estará em histórias que surgirão daqui para frente. Algumas absurdas, outras com excesso de imaginação, algumas folclóricas. Há um fato muito relevante em tudo isso: venceu – e sobrou em campo – o melhor time. Perdemos na bola e na organização tática. A Alemanha é melhor, jogou mais, e em momento algum brincou em campo. Nos respeitou e assim construiu a goleada histórica.

Não foi por acaso que protagonizamos este papelão de levar 7 a 1 numa semifinal de Copa dentro de casa. O primeiro prejuízo foi a ausência nas Eliminatórias. Ali a comissão técnica observaria melhor os jogadores e suas reações. Talvez tivesse a oportunidade de diagnosticar a necessidade de um grupo mais experiente, mais cascudo. Houve também a ilusão da Copa das Confederações. Batemos Uruguai, Itália e Espanha, seleções que mostraram neste Mundial o processo de decadência.

Nosso rendimento na Copa já não entusiasmava. E contra a Alemanha, ontem, o time foi armado equivocadamente por Felipão. A inversão de lado de David Luiz, para o ingresso de Dante pela esquerda, foi um desastre. Mas pior: ao optar por Bernard, Scolari deixou isolados os atacantes e um espaço no meio-campo que a Alemanha soube aproveitar para tomar conta do jogo.

O primeiro gol surgiu em lance ensaiado. Com a desvantagem pesou um gigantesco descontrole emocional dos jogadores brasileiros, o que já havia aparecido nesta Copa. Houve pane. E pânico. O treinador foi passivo e apenas observou. Deveria ter quebrado o ritmo do jogo, ter parado a partida, criado um fato novo. Veio então o fiasco. Desta vez, a emoção não se limitou aos 11 jogadores. A Seleção faz o país inteiro chorar!

Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes, diretor de jornalismo, e, desde 2005, é o diretor-geral da Band/RS. Diariamente, às 13h, comanda “Os Donos da Bola”, na Band TV. Escreve no Metro Jornal de Porto Alegre

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