O casal não tem empregados. Cuida sozinho de lavouras de milho, cana de açúcar, fumo, mandioca e outras culturas de subsistência como feijão. Criam suínos, galinhas, marrecos, gansos, gado de leite e de corte. O leite é utilizado para fazer queijo. A mesa é farta com produtos colhidos do lado da casa simples, sem luxo, mas acolhedora. Fui recebida com um café da manhã que parecia um brunch. Tinha de tudo, desde milho verde cozido, pão caseiro, manteiga, geleias e carne suína assada. De tudo que havia ali, apenas açúcar, farinha, café e sal não vieram da propriedade.
O modelo de gestão adotado é um dos segredos para o sucesso: cada um tem tarefas definidas e cuida do faturamento de suas atividades. Juntos, decidem os investimentos que priorizam equipamentos e animais para melhorar a renda. Mas, o fator determinante para a permanência no sítio foi a canalização de uma fonte de água preservada no meio da natureza que garantiu abastecimento da casa e dos bebedouros dos animais. Com água, luz e telefone, afirmam que não há motivos para sair do local. Gostam de trabalhar sem patrão, sem horário e em meio à natureza. Sem horário modo de dizer porque o dia começa religiosamente às 5h30 e termina perto da meia-noite.
Os queijos e produtos de panificação e hortigranjeiros são vendidos no sítio ou em viagens às cidades próximas para um público fiel que espera o atendimento a domicílio. Produção sob encomenda. Entre as lições que tirei da visita estão a de que é possível viver com qualidade em uma pequena propriedade, distante do centro urbano, conduzida por duas pessoas e que o segredo é mesmo atender ao desejo dos consumidores com produtos de qualidade.
Lizemara Prates é jornalista do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Apresenta o AgroBand, na TV Band, e tem comentários diários sobre agronegócio na Rádio Bandeirantes e na BandNews FM. Escreve no Metro Jornal de Porto Alegre