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Por água abaixo

jose-luiz-datenaEnquanto o prefeito está preocupado com a mobilidade urbana, achando que pintar faixa exclusiva de ônibus na calçada é uma obra de arte para melhorar o trânsito de São Paulo, a cidade para de uma vez quando chove. Principalmente os ônibus, carregados de gente que, ilhados, precisam da ajuda de populares e do Corpo de Bombeiros para não morrerem afogadas.

Aliás, afogada está a nossa capital, que completou quatrocentos e sessenta anos. Afogada em dívidas, mesmo sendo a maior cidade do país e terceira do planeta. O rombo é explicado pelo roubo indiscriminado como, por exemplo, o da máfia do ISS. Fora isso, a falta de um plano-diretor e um estelionato imobiliário cometido durante mais de um século afundaram a capital num mundão de água e lama que transforma ruas em rios, invade a casa das pessoas, levando móveis, eletrodomésticos, sonhos e, claro, vidas.

Não é verdade a propaganda que diz que São Paulo está preparada para as enchentes. Está na cara que não está. Chove, enche e inunda. Quando não falta água e luz. E aí também o governo do Estado poderia cobrar principalmente da Eletropaulo, que cobra uma conta cara e não entrega energia na mesma proporção.

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Evidente que a população, especialmente da periferia, fica desesperada, afinal é ela quem mais sofre. Quem mais perde sem poder perder. Compra uma máquina de lavar roupa ou um fogão em trinta e seis meses que a água leva, mas a conta fica.

Mas a insatisfação do país parece cada vez mais geral, bem diferente da tal luta de classes pregada por alguns políticos. Na verdade, as classes todas parecem se unir cada vez mais contra eles. Ônibus queimados, saques nos bairros mais pobres, manifestações contra a Copa na Paulista e até gente subindo em asa de avião, se revoltando com a situação dos aeroportos do Brasil.

Ricos e pobres dão um claro sinal de que estão insatisfeitos. Aos políticos resta tentar resgatar a confiança perdida do povo e começar a dar sinais de austeridade com menos corrupção e transparência na aplicação do dinheiro público, senão a coisa vai mesmo por água abaixo.

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