A missão JUICE da Agência Espacial Europeia (ESA), a caminho de Júpiter, encontrou por acaso o misterioso cometa 3I/ATLAS.
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Uma imagem preliminar capturada em 4 de novembro de 2025 revela o visitante interestelar rodeado por uma coma brilhante e apresentando sinais de duas caudas, confirmando seu estado hiperativo após passar perto do Sol.

Um encontro inesperado no espaço profundo
A sonda JUICE (Jupiter Icy Moons Explorer) foi lançada pela ESA com o objetivo principal de estudar as luas geladas de Júpiter, que alcançará em 2031. No entanto, sua longa trajetória pelo Sistema Solar a colocou na posição perfeita para um encontro astronômico inesperado: o cometa interestelar 3I/ATLAS, o terceiro objeto conhecido originário de outro sistema estelar.
O encontro ocorreu a uma distância de aproximadamente 66 milhões de quilômetros, e as observações da sonda foram feitas em 4 de novembro de 2025 (embora imagens preliminares tenham sido obtidas dias antes).
Evidências de hiperatividade: duas caudas e uma coma brilhante
A imagem preliminar, capturada pela Câmera de Navegação (NavCam) da sonda, representa um marco científico. Embora a NavCam não seja uma câmera científica de alta resolução, a imagem foi nítida o suficiente para surpreender os pesquisadores da ESA: Coma brilhante: A imagem mostra uma coma claramente visível, a camada difusa de gás e poeira que envolve o núcleo de um cometa. A intensidade desse halo confirma que o cometa 3I/ATLAS está em um estado de extrema atividade, liberando grandes quantidades de material volátil.
Cauda dupla confirmada: Mais importante ainda, a imagem revela evidências de duas caudas: uma cauda de plasma (composta de gás ionizado) e uma cauda de poeira (formada por partículas sólidas). A presença simultânea de ambas as caudas valida que a sonda JUICE capturou o objeto em um momento de máxima emissão de gases, logo após sua passagem pelo periélio (seu ponto mais próximo do Sol).

O desafio da transmissão de dados
O envio dessas informações valiosas de volta à Terra enfrentou obstáculos técnicos, o que explica a lenta liberação dos dados completos:
- Escudo Solar: A sonda JUICE foi obrigada a usar sua antena principal como escudo para proteger seus instrumentos mais sensíveis do calor e da radiação solar.
- Transmissão Lenta: Por causa disso, a ESA teve que recorrer à antena de ganho médio, o que reduz drasticamente a velocidade de transmissão de dados.
A comunidade científica terá que esperar até o final de fevereiro de 2026 para receber o conjunto completo de dados dos cinco instrumentos científicos da JUICE, que prometem revelar a composição e a origem exata desse enigmático visitante interestelar.

