A passagem do 3I/ATLAS, o terceiro visitante confirmado vindo de fora do nosso sistema solar, gerou intenso debate na comunidade científica, não apenas por sua composição anômala, mas também pela terminologia usada por agências como a NASA. Embora o 3I/ATLAS apresente uma coma e uma cauda (características de um cometa), a designação oficial enfatiza seu status genérico como um “Objeto Interestelar” (o “I” em seu nome significa Interestelar).
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Essa aparente cautela tem uma justificativa científica rigorosa que, ironicamente, alimenta as teorias mais audaciosas.

A Precisão do Termo “Objeto Interestelar” (3I)
A decisão da NASA de usar a classificação “Objeto Interestelar” (designação 3I/ATLAS) em vez de termos mais descritivos como “cometa” ou “asteroide” baseia-se em sua origem orbital, que é o critério mais relevante neste contexto: Origem Extrasolar (Trajetória Hiperbólica)
O fator crucial é sua trajetória. Cometas e asteroides em nosso sistema solar estão gravitacionalmente ligados ao Sol e seguem órbitas elípticas. O 3I/ATLAS, por outro lado, segue uma órbita hiperbólica, o que demonstra que sua velocidade é maior que a velocidade de escape do Sol. Isso prova que ele passará apenas uma vez antes de desaparecer no espaço profundo; portanto, ele não se formou em nossa vizinhança cósmica.

Classificação Funcional
Embora o 3I/ATLAS apresente uma coma e uma cauda (classificando-o como um cometa), a designação “Objeto Interestelar” (3I) classifica sua origem, enquanto “cometa” classifica seu comportamento.
Ambas as designações estão tecnicamente corretas, mas a da NASA enfatiza o fato inédito de que se trata de um mensageiro de outro sistema estelar.
Lições de ‘Oumuamua’ (1I)
O primeiro objeto interestelar conhecido, ‘Oumuamua, foi inicialmente classificado como um asteroide, depois como um cometa e, finalmente, como um objeto com formato alongado e aceleração anômala.
Ao usar o termo genérico, a NASA evita classificações morfológicas prematuras e se atém à única certeza: sua origem.
Desconfiança e o Fator Avi Loeb
A aparente ambiguidade na designação da NASA foi usada por figuras influentes para semear desconfiança e promover teorias alternativas, elevando o debate a um nível público.

O cientista de Harvard, Avi Loeb, tem sido o principal defensor da ideia de que objetos como ‘Oumuamua (e, por extensão, 3I/ATLAS) podem ter origem tecnológica ou serem “naves-mãe” extraterrestres. Loeb argumenta que as características físicas e químicas anômalas de 3I/ATLAS (como uma proporção incomum de níquel para ferro e uma baixa concentração de água) são difíceis de explicar usando modelos cometários naturais.
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Ao categorizar o objeto unicamente por sua origem (“interestelar”), a NASA tenta concentrar a narrativa na ciência observacional e na oportunidade de estudar material intocado de outros mundos, evitando o sensacionalismo que sugere a existência de “tecnologia alienígena” que não foi confirmada por nenhuma evidência científica revisada por pares. A posição oficial busca neutralidade e rigor em relação a um corpo que, embora enigmático, exibe comportamento consistente com corpos celestes convencionais.

