Ciência e Tecnologia

TikTok no banco dos réus: França investiga se o algoritmo pode levar pessoas ao suicídio

O algoritmo, mais uma vez, está no olho do furacão

TikTok prohibición Estados Unidos
TikTok Logo de TikTok: Foto por Dan Kitwood/Getty Images (Dan Kitwood/Getty Images)

O que começou como um aplicativo para dançar e dublar pode estar no centro de um dos debates mais sérios do ecossistema digital. As autoridades francesas não estão apenas brincando com o algoritmo do TikTok: elas estão o interrogando. Um feed infinito pode ser tão sombrio a ponto de levar jovens à automutilação ou até mesmo ao suicídio? Na França, elas não querem esperar até que seja tarde demais para descobrir.

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Uma investigação que não pode ser resumida em 15 segundos

A procuradora parisiense Laure Beccuau anunciou esta semana a abertura de uma investigação criminal contra o TikTok, a plataforma chinesa pertencente à ByteDance. O motivo: possíveis ligações entre o algoritmo do aplicativo e os riscos à saúde mental de adolescentes, incluindo incitação ao suicídio.

O estopim foi uma solicitação formal de uma comissão do Parlamento francês, após uma ação judicial movida por sete famílias que alegam que seus filhos foram repetidamente expostos a conteúdo sensível e perigoso. E eles não estão sozinhos: nos Estados Unidos, vários processos judiciais já estão em andamento por motivos semelhantes.


O algoritmo sob suspeita (novamente)

De acordo com o relatório da comissão parlamentar, o TikTok possui um coquetel potencialmente explosivo: moderação deficiente, fácil acesso para menores e um algoritmo tão eficiente que pode se tornar perigoso.

O relatório sugere que os jovens mais vulneráveis ​​podem ficar presos em bolhas de conteúdo depressivo ou autodestrutivo, em ciclos que não são exatamente o tipo de conteúdo que se repete para dançar.

A unidade de crimes cibernéticos de Paris já iniciou sua investigação e analisará se o TikTok cometeu um crime classificado na França como “promoção de meios para cometer suicídio”, que pode acarretar pena de até três anos de prisão.

TikTok se defende: “Não somos os vilões”

Como esperado, o TikTok respondeu rapidamente. Em um comunicado enviado à Reuters, a empresa rejeitou “veementemente” as acusações e classificou a ação judicial como injusta e infundada.

Segundo seu porta-voz, a plataforma implementou mais de 50 recursos de segurança projetados para proteger adolescentes, incluindo sistemas de moderação que removem automaticamente 90% do conteúdo inadequado antes que alguém o veja. Isso é suficiente? A França quer analisar isso com atenção.

Mais denúncias, mais preocupação

O Ministério Público também analisará relatórios anteriores que complicam ainda mais o cenário para o TikTok. Por exemplo, o Senado francês, a Anistia Internacional e a agência estatal Virginum publicaram documentos desde 2023 indicando que:

  • O algoritmo do TikTok pode incentivar a automutilação.
  • É altamente viciante, especialmente entre menores de idade.
  • Pode ser uma ferramenta para manipular a opinião pública, inclusive em contextos eleitorais.

Nada disso parece ser uma simples falha algorítmica.

Um alerta para toda a indústria?

O TikTok se sente atacado e afirmou que o Parlamento francês quer fazer da plataforma o bode expiatório para um problema maior: a saúde mental dos jovens e o impacto das redes sociais. E talvez tenha razão… em parte.

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A verdade é que, além deste aplicativo, a discussão já está aberta: até que ponto as plataformas de tecnologia podem ser responsabilizadas pelo que seus algoritmos exibem? E como os usuários mais jovens podem ser realmente protegidos em um ambiente que prioriza o engajamento e o uso a longo prazo acima de tudo?

Entretanto, a França decidiu investigar em vez de lamentar. Porque, se há algo que aprendemos com as redes sociais, é que conteúdo viral nem sempre é inofensivo.

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