Entre metáforas poéticas, críticas veladas e referências existenciais, Hideo Kojima não só promove Death Stranding 2, como também emite um alerta sobre o futuro: a IA e a hiperconectividade podem nos roubar o que temos de mais humano: a capacidade de escolher nosso próprio caminho.
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“Conectados demais”: a nova distopia segundo Kojima
Em entrevista ao Denfaminicogamer, o criativo japonês reafirmou sua preocupação com a forma como a IA — aquela que já vive em nossos celulares — influencia cada vez mais nossas decisões diárias. Das músicas que ouvimos aos lugares que visitamos, tudo é recomendado, sugerido, curado.
E o acaso? E a surpresa?
“Acho que coincidências são necessárias na vida humana... o acúmulo de decisões define quem somos”, disse Kojima.
Para ele, seguir apenas o que a IA sugere nos empurra para uma rotina “predeterminada”, como se estivéssemos fazendo uma escolha — mas, na realidade, nem tanto. Um algoritmo não deve planejar seu dia ou sua vida, por mais fácil que ele os torne.
A internet como salvação... e como armadilha
Kojima reconhece que a internet salvou muitas vidas durante a pandemia, mas alerta contra a dependência. “Não acho que devamos ficar sem a internet agora. Mas é perigoso ficar tão dependente dela.”
A crítica vai além da funcionalidade. Kojima sugere que essas tecnologias estão moldando a maneira como vivemos, pensamos e decidimos. Uma nova “Novilíngua”? Talvez. Embora mais gentil, mais sutil. Como diria Orwell, a melhor maneira de controlar alguém é convencê-lo de que não está sendo controlado.
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Kojima, Havaí e a Arte de Viver com os Pés no Chão
Para encerrar, Kojima ofereceu uma imagem tão simples quanto poderosa: a diferença entre ir ao Havaí fisicamente... ou visitá-lo no metaverso.
“No metaverso, você pode ir ao Havaí. Mas é completamente diferente de estar lá. Sentir o cheiro, o calor, a textura do ar... você não consegue isso em uma tela.”
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A mensagem não é rejeitar a tecnologia, mas lembrar que somos seres físicos, com corpos e caminhos reais. A vida, diz Kojima, está nas jornadas, nos cheiros, nos encontros inesperados. E, por enquanto, nenhuma IA consegue replicar isso.