Ciência e Tecnologia

Quanto mais a Terra pode suportar? Já ultrapassamos seis dos nove limites planetários

O planeta não entrará em colapso da noite para o dia, mas a ciência alerta que já estamos operando fora da zona segura

planeta terra

Apenas algumas décadas atrás, o Haiti era um país verde, com rios, florestas e rica biodiversidade. Hoje, o país sofre uma das maiores crises ambientais do mundo, com 90% de desmatamento e altíssima insegurança alimentar. Como isso aconteceu?

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A superexploração dos recursos e a falta de controle levaram ao colapso. E embora sua vizinha, a República Dominicana, tenha tomado um caminho diferente, o Haiti se tornou uma espécie de espelho desconfortável do que poderia acontecer em uma escala maior.

“O país chegou a um ponto crítico. Seus recursos se esgotaram, e isso desencadeou o restante do desastre”, explica o Dr. Enrique Martínez Meyer, do Instituto de Biologia da UNAM.

O que são pontos de inflexão?

Em termos ambientais, um ponto de inflexão é quando uma mudança se torna irreversível. Por exemplo, o derretimento do gelo na Groenlândia ou a transformação da floresta amazônica em savana. A ciência vem alertando há décadas que, se cruzarmos muitos desses limites, o planeta deixará de funcionar como o conhecemos.

E o preocupante é que já cruzamos vários. De acordo com o Centro de Resiliência de Estocolmo, já ultrapassamos seis dos nove limites planetários:

  • Mudanças climáticas
  • Perda de biodiversidade
  • Desmatamento
  • Mudanças no uso da terra
  • Alteração do ciclo do nitrogênio e do fósforo
  • Excesso de energia acumulada no sistema

Soma-se a isso novas ameaças, como microplásticos e outros poluentes invisíveis.

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“As mudanças climáticas e a biodiversidade são as mais superadas e, se elas falharem, nós também falharemos”, afirma Martínez Meyer.

Ainda há margem de manobra?

Sim. Apesar de tudo, não chegamos ao ponto global sem retorno. Muitas regiões, ainda mantêm alguma resiliência. Mas essa margem é cada vez mais estreita.

Por isso, Martínez Meyer destaca a importância das políticas públicas, da educação ambiental e da organização social. Porque sim, toda ação conta, mas ações coletivas — aquelas que geram leis, pressão e mudanças fundamentais — contam ainda mais.

A grande questão: o que fazemos agora?

A proposta de “limites planetários” não é uma profecia fatalista, mas uma ferramenta. Ela nos dá uma maneira concreta de medir o quanto estamos pressionando o planeta. Dos nove limites definidos, já quebramos seis. A boa notícia é que sabemos o que são. A má notícia é que não estamos reagindo a tempo.

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“O tempo não está mais do nosso lado”, diz o pesquisador. “Nossa janela se estreitou, mas ainda podemos mudar a trajetória.”

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