Ciência e Tecnologia

Criam um cérebro artificial feito apenas com água e sal

Um avanço histórico na computação neuromórfica

Los investigadores descubrieron que los cerebros se han vuelto más grandes. El aumento podría ayudar a prevenir la demencia relacionada con la edad. | Foto: stock.adobe.com
Tim Kamsma Criam um cérebro artificial feito apenas com água e sal

O campo do desenvolvimento de cérebros artificiais (CA) está experimentando um avanço vertiginoso, impulsionado por pesquisas inovadoras e pela busca de replicar as capacidades do cérebro humano em máquinas. Embora ainda haja um longo caminho a percorrer, os progressos feitos até agora são impressionantes e abrem um leque de possibilidades para o futuro.

É importante lembrar que a pesquisa em IA ainda está em seus estágios iniciais e ainda há muito a ser aprendido sobre o funcionamento do cérebro humano. No entanto, os avanços feitos até agora são impressionantes e sugerem que a IA poderia ter um impacto significativo em nossas vidas no futuro.

No entanto, uma equipe de cientistas da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e da Universidade Sogang, na Coreia do Sul, alcançou um marco sem precedentes: desenvolver um dispositivo que replica o funcionamento neuronal do cérebro humano usando água e sal como componentes principais. Esta conquista marca uma mudança radical no campo da pesquisa em inteligência artificial e computação neuromórfica.

Durante décadas, a ciência tem procurado incansavelmente replicar as complexas funções do cérebro humano em dispositivos artificiais. No entanto, a maioria dos esforços tem se concentrado em tecnologias que se afastam da biologia, criando computadores baseados em métodos tradicionais que, embora sejam poderosos, consomem uma quantidade considerável de energia em comparação com o cérebro humano.


Agora, com este novo dispositivo, a ciência volta seu olhar para a natureza em busca de soluções mais eficientes e sustentáveis.

O memristor iônico: um cérebro artificial em miniatura

O dispositivo em questão, chamado de memristor iônico, é o resultado de uma colaboração frutífera entre físicos teóricos e experimentais. Mede apenas 150 por 200 micrômetros, aproximadamente a largura de três ou quatro fios de cabelo humano.

O seu design, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), é inspirado na sinapse cerebral, o componente essencial do cérebro responsável por transmitir sinais entre os neurônios. O mais notável é que este memristor iônico funciona usando água e sal, os mesmos elementos que constituem o meio interno do cérebro.

O princípio de funcionamento consiste em um microcanal em forma de cone cheio de uma solução de água e sal. Quando recebe impulsos elétricos, os íons presentes no líquido se deslocam através do canal, alterando a concentração de íons e ajustando a condutividade do canal. Este processo simula o fortalecimento ou enfraquecimento das conexões entre neurônios, imitando assim a plasticidade sináptica do cérebro humano.

Da teoria para a prática em tempo recorde

O desenvolvimento deste dispositivo foi possível graças a uma combinação sinérgica de teoria e experimentação. O professor Tim Kamsma, do Instituto de Física Teórica e do Instituto de Matemática da Universidade de Utrecht, concebeu a teoria que estabeleceu as bases para a criação do memristor iônico.

O conceito foi recebido com entusiasmo por um grupo de pesquisa na Coreia do Sul, que realizou o trabalho experimental necessário para concretizar a ideia em um dispositivo funcional.

"A possibilidade de adaptar os canais para reter e processar informações por diferentes períodos de tempo é semelhante aos mecanismos sinápticos observados em nosso cérebro", explica Kamsma.

O mais surpreendente deste descobrimento é a rapidez com que se passou da teoria para a prática. Em apenas três meses, os investigadores conseguiram desenvolver um dispositivo que cumpria as previsões teóricas do professor Kamsma.

Um futuro promissor para a computação neuromórfica

Este avanço representa um passo crucial rumo à criação de computadores que não apenas imitem os padrões de comunicação do cérebro humano, mas também usem o mesmo meio. Os pesquisadores acreditam que essa abordagem poderia levar a sistemas computacionais significativamente mais eficientes em termos de consumo de energia e capacidade de processamento.

As aplicações potenciais do memristor iônico são amplas e abrangem diversos campos, desde inteligência artificial até neurociência e medicina. Por exemplo, poderia ser usado no desenvolvimento de próteses neurais mais avançadas, capazes de se comunicar de maneira mais natural com o cérebro humano. Também poderia abrir novas possibilidades no campo da computação quântica, onde a eficiência energética é um fator crucial para alcançar seu máximo potencial.

“Kamsma afirmou: ‘Talvez, em última instância, isso abra caminho para sistemas de computação que reproduzam de forma mais fiel as extraordinárias capacidades do cérebro humano’.”

Últimas Notícias