É sabido que durante a Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler destinou parte de seus recursos para desenvolver tecnologia avançada, incluindo pesquisas que lançariam as bases para a futura corrida espacial. Assim, a Alemanha desenvolveu os foguetes V-2, considerados na história como os primeiros mísseis balísticos de longo alcance e que foram usados principalmente como armas de guerra. Mas após o fim da guerra, tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética perceberam o que faltava para se equiparar ao Terceiro Reich: recrutar cientistas alemães para seus próprios programas espaciais.
Foi assim que Wernher von Braun, nascido em 23 de março de 1912 em Wirsitz, então parte do Império Alemão e agora Wyrzysk, Polônia, acabou colaborando com a NASA e estabelecendo os primórdios da exploração espacial americana.
Quem foi Wernher von Braun?
Von Braun dedicou-se desde jovem a pesquisar o espaço. Depois de se formar em engenharia mecânica no Instituto Politécnico de Berlim e obter seu doutorado em Física, ele se juntou ao movimento armamentista motivado pelo nacionalismo de extrema-deireita que tinha seu lema “Deus, pátria e família”, e também “Deus acima de tudo e a Alemanha acima de todos”.
Durante a Segunda Guerra Mundial, mesmo sabendo da perseguição aos judeus, Von Braun se alistou nas Schutzstaffel (SS) e participou ativamente no desenvolvimento de mísseis, incluindo o V2, o primeiro míssil balístico de longo alcance do mundo, lançado com sucesso em 1942.
“Após o bombardeio de Peenemünde pela Royal Air Force na noite de 17 a 18 de agosto de 1943, os líderes nazistas tomaram a decisão de transferir a produção para uma nova instalação subterrânea. Esta fábrica de montagem de V-2, chamada Mittelwerk, estava localizada no centro da Alemanha, perto de Nordhausen, e utilizava mão de obra escrava do campo de concentração anexo de Mittelbau-Dora (...) Von Braun declarou posteriormente (1969) ter viajado para a região de Nordhausen cerca de 15 vezes entre o final de 1943 e fevereiro de 1945. Essas visitas, normalmente de um dia, consistiam em viagens ao Mittelwerk para comunicar alterações no design do V-2 e nos critérios de aceitação final resultantes dos testes contínuos em Peenemünde. Von Braun conhecia bem as terríveis condições e participou das decisões sobre o uso de mão de obra escrava. O campo foi libertado pelas forças americanas em abril de 1945″, pode ser lido em sua biografia redigida pela própria NASA.

O cientista nazista após a guerra
Após a queda da Alemanha Nazista em 1945, Von Braun e outros cientistas alemães foram chamados pelos Estados Unidos através da Operação Paperclip, uma iniciativa para aproveitar o conhecimento científico alemão no contexto da Guerra Fria.
Rapidamente, Von Braun foi escalado no desenvolvimento dos mísseis balísticos Redstone e Júpiter, trabalhando inicialmente no Texas e depois em Alabama, e eventualmente dedicando seus dias aos veículos de lançamento como o Saturno V que levaria os astronautas americanos à Lua em 1969.
Ao longo de sua carreira nos Estados Unidos, Von Braun ficou famoso por moldar o programa espacial e se tornou uma figura pública reconhecida, escrevendo para revistas e aparecendo em programas de televisão da Disney sobre o espaço.
Finalmente, faleceu em 16 de junho de 1977 devido ao câncer, deixando um complexo legado de avanços tecnológicos e questões éticas que ainda ressoam na história da exploração espacial. A NASA reconhece abertamente seu passado, como pode ser lido em seu site oficial, destacando tanto suas realizações quanto sua participação no Partido Nazista e nas SS, garantindo que sua história será lembrada “com todas as suas facetas”.


