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Estudo mostra que apartamentos superam casas em SP

Roberto Casimiro /Fotoarena/Folhapress

A cidade de São Paulo tem mais apartamentos que casas. Apesar de conhecida por seus arranha-céus, a virada vertical na maior metrópole do país ocorreu apenas em 2020. Os dados foram reunidos por pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) com base nos registros oficiais de propriedades imobiliárias da Secretaria da Fazenda Municipal, utilizados para lançamento do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano).

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Os pesquisadores analisaram informações entre 2000 e 2020, série histórica disponibilizada pela prefeitura apenas em 2019. O número de imóveis residências horizontais passou de 1,23 milhão de unidades para 1,37 milhão no período, alta de 35%. Já as verticais passaram de 767 mil unidades para 1,38 milhões de imóveis, crescendo 97%. O estudo mostra predominância de residências de médio padrão, seguidas pelas de baixo e depois pelas de alto.

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Por utilizar dados do IPTU, o estudo não considera as moradias irregulares em favelas e cortiços. Elas são estimadas em 27% do total da cidade no estudo, levando em conta estimativas da própria prefeitura. 

Os pesquisadores destacam poucas interferências das mudanças no plano diretor e lei de zoneamento na evolução da verticalização. A exceção é o alto número de demolições entre 2014 e 2016, anos de mudanças nas regras. “Há sinais de que isso envolveu volumes elevados de demolições residenciais de baixo padrão que alimentaram a expansão vertical de médio e alto padrões”, diz o estudo.

Um dos autores do trabalho, o pesquisador Guilherme Minarelli lembra que a verticalização é um processo já enfrentado por outras grandes cidades mundiais e pode ser vista sob aspectos positivos e negativos. “Dependendo da forma como ela acontecer, a verticalização pode sobrecarregar a infraestrutura ou adensar demais determinada região. Mas ela pode também compactar a cidade, tornar mais próximo trabalho e residência e melhorar o uso dos serviços públicos de qualidade que já existem na cidade.”

<p><strong>“A verticalização residencial é realidade em cidades de todo o mundo. São Paulo não difere disso. Mas temos que pensar a forma como ela está sendo feita e como regular isso para garantir qualidade de vida para a maior parte dos habitantes.”</strong></p>

—  Guilherme Minarelli, pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole

Ele afirma que é por isso que as políticas de planejamento urbano precisam levar em consideração a transformação do padrão da cidade, para pensar acesso ao transporte, educação, lazer e trabalho. “A perspectiva de longo prazo é continuar a verticalização.” 

O Centro de Estudos da Metrópole deve publicar nos próximos meses novas análises, que envolvam também a população residente e infraestrutura disponível na capital.

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